Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/11612/8087
Authors: Xerente, Valcir Sumekwa
metadata.dc.contributor.advisor: Naval, Liliana Pena
Title: Integrando valores culturais Akwẽ na gestão da água: um estudo de caso na comunidade da aldeia da terra Xerente
Keywords: Cartografia social; Conhecimento tradicional; Povo Akwẽ; Qualidade da água; Segurança hídrica; Keywords: Akwẽ people; Social cartography; Traditional knowledge;Water security; Water quality
Issue Date: 29-Sep-2025
Publisher: Universidade Federal do Tocantins
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente - Ciamb
Citation: XERENTE, Valcir Sumekwa. Integrando valores culturais Akwẽ na gestão da água: um estudo de caso na comunidade da aldeia da terra Xerente. 2025.319f. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente, Palmas, 2025.
metadata.dc.description.resumo: Este estudo analisa a relação entre o povo Akwẽ (Xerente) e os recursos hídricos de seu território, evidenciando como a água constitui um eixo estruturante da organização social, cultural e política. Teve como objetivo promover uma abordagem integrada para estabelecer a aproximação de um ambiente saudável e seguro para as comunidades Akwẽ, com foco na disponibilidade de recursos hídricos, bem como na transferência de valores e conhecimentos tradicionais Akwẽ para as atuais abordagens locais de avaliação da segurança hídrica, a fim de garantir a aceitabilidade da produção de água potável mediante a inclusão de perspectivas e práticas tradicionais em conjunto com as metodologias atualmente empregadas. Para tanto, o estudo foi desenvolvido na Terra Indígena Xerente, abrangendo aldeias do povo Akwẽ situadas nas sub-bacias do Kâ waktû (Ribeirão Preto), Piabanha e Jenipapo. Foram utilizados métodos qualitativos e quantitativos, incluindo entrevistas semiestruturadas com agentes de saúde e saneamento, entrevistas etnográficas com anciãos, observação em campo e mapeamento participativo de pontos de água com uso de GPS, SIG e imagens de satélite. A qualidade da água foi avaliada com base nas percepções da comunidade e em análises laboratoriais de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Também foram construídos indicadores de segurança hídrica considerando aspectos culturais, sociais, ambientais e de governança, além de empregada a cartografia social para mapear relações comunitárias, usos da água e formas de protagonismo social. Os resultados indicam que os corpos hídricos rios, córregos e nascentes orientaram a localização das aldeias, os processos migratórios e a manutenção de práticas culturais, consolidando-se como elementos centrais da identidade coletiva e da memória social. O estudo evidencia, ainda, o protagonismo político dos Akwẽ na resistência a deslocamentos forçados e na afirmação de direitos territoriais, revelando a resiliência do grupo diante das pressões coloniais, das missões religiosas e da expansão agrícola. A demarcação das Terras Indígenas Xerente e Funil reforçou a proteção da cultura, do acesso à água e da governança comunitária, assegurando a permanência da população em seus territórios ancestrais. A pesquisa demonstra também que a percepção local sobre a qualidade da água combina dimensões físicas, sensoriais e espirituais. Transparência, correnteza e pureza constituem critérios centrais para avaliar a segurança hídrica e o bem-estar, sendo a água compreendida como mediadora entre os mundos físico e espiritual. A convergência entre análises laboratoriais e percepções tradicionais valida o conhecimento Akwẽ como instrumento legítimo de monitoramento hídrico, reforçando a necessidade de integrar saberes indígenas e ciência. Com base em abordagens participativas e na cartografia social, foi elaborado um Plano de Gerenciamento Hídrico (PGH) e desenvolvida uma ferramenta de segurança hídrica que incorpora dimensões técnicas, culturais, sociais e espirituais. Essa ferramenta possibilita monitoramento adaptativo, articula usos consuntivos e não consuntivos da água, fortalece a educação, a capacitação e a governança comunitária, além de legitimar o protagonismo indígena na gestão de seus recursos hídricos. O estudo demonstra que a segurança hídrica entre os Akwẽ não se limita ao abastecimento físico, mas é inseparável da proteção cultural, espiritual e ambiental.
Abstract: This study examines the relationship between the Akwẽ (Xerente) people and the water resources within their territory, highlighting how water functions as a structuring axis of social, cultural, and political organization. Its objective was to promote an integrated approach to fostering a healthy and safe environment for Akwẽ communities, focusing on the availability of water resources and on the transfer of traditional Akwẽ values and knowledge to contemporary local approaches for assessing water security. The intention was to ensure the acceptability of potable water production through the incorporation of traditional perspectives and practices alongside the methodologies currently employed. The study was conducted in the Xerente Indigenous Territory, encompassing Akwẽ villages located in the sub-basins of Kâ waktû (Ribeirão Preto), Piabanha, and Jenipapo. Qualitative and quantitative methods were applied, including semi-structured interviews with health and sanitation agents, ethnographic interviews with elders, field observations, and participatory mapping of water points using GPS, GIS, and satellite imagery. Water quality was evaluated both through community perceptions and laboratory analyses of physical, chemical, and microbiological parameters. Water security indicators were constructed considering cultural, social, environmental, and governance dimensions, and social cartography was used to map community relations, water uses, and forms of social protagonism. The results show that water bodies, rivers, streams, and springs, have shaped village locations, migratory processes, and the continuity of cultural practices, becoming central elements of collective identity and social memory. The study also highlights the political protagonism of the Akwẽ in resisting forced displacements and asserting territorial rights, revealing the group’s resilience in the face of colonial pressures, religious missions, and agricultural expansion. The demarcation of the Xerente and Funil Indigenous Lands strengthened cultural protection, water access, and community governance, ensuring the population’s permanence in their ancestral territories. The research also demonstrates that the local perception of water quality integrates physical, sensory, and spiritual dimensions. Transparency, flow velocity, and purity are considered key criteria for assessing water security and well-being, and water itself is understood as a mediator between the physical and spiritual worlds. The convergence between laboratory analyses and traditional perceptions validates Akwẽ knowledge as a legitimate instrument for water monitoring, reinforcing the need to integrate Indigenous knowledge systems and scientific approaches. Based on participatory methods and social cartography, a Water Management Plan (PGH) was developed, along with a water security tool that incorporates technical, cultural, social, and spiritual dimensions. This tool enables adaptive monitoring, articulates both consumptive and non-consumptive uses of water, strengthens education, capacity-building, and community governance, and legitimizes Indigenous protagonism in the management of their water resources. The study shows that water security among the Akwẽ extends far beyond physical supply; it is inseparable from cultural, spiritual, and environmental protection. The study demonstrates that water security among the Akwẽ is not limited to physical supply, but is inseparable from cultural, spiritual, and environmental protection.
URI: http://hdl.handle.net/11612/8087
Appears in Collections:Doutorado em Ciências do Ambiente

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