Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11612/5425
Autor(a): Mangueira, Cláudia Denise Mendanha
Orientador: Santos, Helcileia Dias
Título: Fatores associados a ocorrência de coinfecção Leishmania/HIV-AIDS na região Norte do Tocantins
Palavras-chave: Leishmania infantum; imunodeficiência; calazar; epidemiologia.
Data do documento: 2022
Citação: MANGUEIRA, Cláudia Denise Mendanha. Fatores associados a ocorrência de coinfecção Leishmania/HIV-AIDS na região Norte do Tocantins. 2022.75f. Dissertação – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-graduação em Sanidade animal e Saúde pública nos trópicos, Araguaína, 2022.
Resumo: A leishmaniose é uma zoonose endêmica em vários países, dentre eles o Brasil. A sua associação com a infecção causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é considerada doença de alta gravidade, cuja incidência tem aumentado nos últimos anos devido à urbanização dos casos desta enfermidade, associado à interiorização dos casos de infecção pelo HIV. No Brasil, o estado do Tocantins é considerado área endêmica para as formas cutânea e visceral da leishmaniose, o que estimulou o desenvolvimento deste estudo, com o objetivo de compreender os fatores associados à coinfecção leishmaniose/HIV-AIDS em indivíduos assistidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no norte do estado. Foi realizado um estudo transversal retrospectivo utilizando dados obtidos em prontuários de pacientes atendidos no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Norte do Tocantins no período de 2010 a 2020, complementados por dados obtidos na Secretaria Municipal de Saúde de Araguaína-TO. Os dados foram organizados em um formulário estruturado e as associações foram testadas por meio de análise univariada utilizando o teste qui quadrado de Mantel Hanzel. Variáveis com p<0,10 foram submetidas à análise multivariada por meio de regressão logística. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para análise das variáveis quantitativas. Foram incluídos no estudo registro de 53 indivíduos com coinfecção leishmaniose/HIV-AIDS, 106 indivíduos com infecção somente por HIV-AIDS e 106 indivíduos com infecção por leishmaniose, totalizando 265 participantes de qualquer gênero, raça/etnia, estado civil, grau de escolaridade e profissão, com faixa etária acima de 15 anos, provenientes de municípios da região norte do Tocantins. A maioria dos casos de coinfecção leishmaniose/HIV-AIDS foi de indivíduos do sexo masculino (71,7%), entre 15 e 39 anos (60,38%), solteiro (75,47%), pardo (92,45%) e com baixa escolaridade (52,83%). Febre, esplenomegalia, hepatomegalia, emagrecimento e fraqueza foram os sintomas mais frequentes na coinfecção. Os exames laboratoriais mais utilizados foram os testes sorológicos e a principal medicação utilizada no tratamento foi a anfotericina B lipossomal (58,49%), com evolução para cura, na grande maioria dos casos tratados para leishmaniose (88,68%). Ao se comparar os indivíduos com a coinfecção leishmaniose/HIV-AIDS com os HIV positivo, observou-se maior chance de apresentar esplenomegalia (OR: 18,55) e hepatomegalia (OR: 4,58) em coinfectados HIV-AIDS, enquanto na comparação com indivíduos infectados somente por Leishmania a variável inapetência se apresentou como fator de risco (OR: 3,80), no entanto a escolaridade baixa (OR: 0,319) e a presença de febre (OR: 0,260) foram associadas como fator de proteção para a coinfecção, quando submetida a análise multivariada. Os resultados deste estudo apontam que as características individuais pouco interferiram nas chances de coinfecção leishmaniose/HIVAIDS e demonstram que em indivíduos coinfectados características clínicas da leishmaniose podem apresentar-se com frequência significativamente maior. Sugere-se que em áreas endêmicas para leishmaniose visceral e HIV/AIDS o diagnóstico clínico e laboratorial de ambas as doenças seja priorizado, visando minimizar os impactos do reconhecimento tardio da coinfecção.
Abstract: Leishmaniasis is an endemic zoonosis in several countries, amongst them is Brazil, and it's association with the infection caused by the human immunodeficiency virus (HIV) is considered a highly severe disease, whose incidence has been rising in the last few years, due to the urbanization of this disease, associated to the interiorization of HIV infection cases. In Brazil, the state of Tocantins is considered an endemic area for both cutaneous and visceral forms of leishmaniasis, which encouraged the study development with the purpose of understanding the factors related to leishmaniasis/HIV-AIDS coinfection affecting individuals that are assisted by the brazilian health system in the northern state. A retrospective crosssectional study has been conducted by collecting data from medical records of individuals treated at the Hospital of Tropical Diseases of the Federal University at North of Tocantins from 2010 to 2020, supplemented by data obtained from Municipal Health Department of Araguaina- TO. Information was obtained using a structured form, and associations were tested through univariate analysis using Mantel-Hanzel chi squared test. Variables presenting p<0,10 were submitted to multivariate analysis using logistic regression. Mann-Whitney test was used to analyze quantitative variables. Were include 53 records of individuals with leishmaniasis/HIVAIDS coinfection, 106 subjects with HIV-AIDS infection and 106 subjects with leishmaniasis infection, totalizing 265 participants of any gender, race/ethnicity, marital status, education level and profession, with age group above 15 years-old, from the municipalities of northern region of Tocantins. Most cases of leishmaniasis/HIV-AIDS coinfection comprised males (71,7%), between 15 and 39 years (60,38%), single (75,47%), brown (92,45%) and with poor education (52,83%). Fever, splenomegaly, hepatomegaly, weight loss and weakness were the most common symptoms in coinfection. The most frequently performed laboratory exams were the serological tests and the medication more prescribed was the liposomal amphotericin B (58,49%), evolving for the cure, in the majority of cases treated for leishmaniasis (88,68%). When comparing individuals with leishmaniasis/HIV-AIDS co-infection with HIV positive individuals, there was a greater chance of having splenomegaly (OR: 18.55) and hepatomegaly (OR: 4.58) in HIV-AIDS coinfected, while in comparison with individuals infected only by Leishmania, inappetence was presented as a risk factor (OR: 3,80), however low schooling (OR: 0.319) and the presence of fever (OR: 0.260) were associated as a protective factor for coinfection, when submitted to multivariate analysis. The results obtained by this study showed that individual characteristics little interfered with the chances of leishmaniasis/HIV-AIDS occurrence, and demonstrated that leishmaniasis clinical characteristics are significantly higher in this group. It is suggested that in visceral leishmaniasis and HIV-AIDS endemic areas the clinical and laboratorial diagnostic be prioritized, aiming to minimize the impacts of late recognition of coinfection.
URI: http://hdl.handle.net/11612/5425
Aparece nas coleções:Mestrado em Sanidade Animal e Saúde Pública nos Trópicos

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