Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11612/2449
Autor(a): Reis, Naiane Vieira dos
Orientador: Melo, Márcio Araújo de
Título: Entre estudos, leituras, maternidade e trabalho: análise semiótica de histórias de vida de estudantes da área de Letras da UFT
Palavras-chave: Papéis de gênero; maternidade; formação profissional; história de vida; semiótica; Gender roles; maternity; professional qualification; life's history; semiotic
Data do documento: 1-Jun-2020
Citação: REIS, Naiane Vieira dos. Entre estudos, leituras, maternidade e trabalho: análise semiótica de histórias de vida de estudantes da área de Letras da UFT.2020. 189f. Tese (Doutorado em Letras: ensino de Língua e Literatura) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Letras: ensino de Língua e Literatura, Araguaína, 2020.
Resumo: Esta tese objetiva analisar percursos de formação escolar e acadêmica a partir de narrativas das estudantes matriculadas em uma universidade pública na região Norte do país que também são mães e trabalhadoras. Mais especificamente, intentamos compreender a intersecção entre estudos, trabalho e maternidade, tendo em vista a divisão sexual do trabalho que conduz, mas não precisamente determina, a mulher ao campo da reprodução social, ao espaço doméstico e ao serviço não remunerado. A partir das considerações dos estudos de gênero, concentradas em diversas áreas de pesquisa, sobretudo na história, sociologia, filosofia, em diálogo com a linguística, no campo do discurso, voltamos o olhar para as memórias sobre as performances das estudantes no âmbito da formação profissional, tendo em vista o trabalho de cuidado, o tempo dividido entre múltiplas tarefas e as relações mais ou menos assimétricas vivenciadas em seus campos de atuação. Adotando a abordagem qualitativa de pesquisa, este trabalho toma como aporte metodológico para a geração de dados a História Oral, selecionando como recorte para discussão e análise 18 entrevistas semiestruturadas realizadas com as estudantes-mães trabalhadoras, nas quais foram registradas as memórias sobre a escolarização, na educação básica e no ensino superior, combinada com a maternidade e o trabalho. A semiótica discursiva, teoria do discurso que se interessa pelo modo como se constrói o sentido, subsidia as análises tecidas, sendo também considerados os aportes da semiótica tensiva, na discussão sobre memória, e da sociossemiótica, na problemática da interação sensível. Ao adentrar o âmbito da formação profissional, seja em nível de graduação ou pós-graduação, as estudantes combinam, de forma mais ou menos conflituosa, as demandas da maternagem e de um trabalho fora da universidade, sendo remunerado e/ou não-remunerado. Quanto maior e mais consistente é a comunidade de apoio para as acadêmicas, no trabalho, na universidade e no lar, no campo da reprodução social, menos a formação educacional das participantes se configura como uma barreira a ser superada pelas mulheres. A qualificação no campo do trabalho, além de ser enunciada como objeto-valor desejável, um querer-ser acadêmica, tendo em vista uma formação valorizada socialmente, também é modalizada como um dever-ser que favorece condições de inserção social em carreiras melhor remuneradas para a classe trabalhadora. Na relação com as instituições educacionais, as interações mais ajustadas com os atores sociais que ali operam favorecem a permanência da estudante-mãe nesses espaços, bem como a continuidade dos estudos, verificada sobretudo nas histórias das participantes que tiveram filhos durante a educação básica ou graduação e prosseguiram em níveis de formação mais avançados. Além disso, são observadas heterogêneas formas de resistências das participantes, considerando os papéis de gêneros com os quais negociam, reproduzem e, ao mesmo tempo, rejeitam, seja no lar, na universidade ou no trabalho. Nesse sentido, a formação profissional vai sendo tematizada como desafio e conquista, porque viabiliza para as mulheres a construção de uma carreira no mercado de trabalho remunerado, de um espaço de reprodução social menos vulnerável socialmente, como também trajetórias na vida acadêmica.
Abstract: This thesis aims to analyze the school and academic paths based on the narratives of students enrolled in a public university in the northern region of the country who are also mothers and workers. More specifically, we intend to understand the intersection between studies, work and motherhood, owing to the sexual division of labor that leads, but not precisely determines, women to the field of social reproduction, domestic space and unpaid service. Based on the considerations of gender studies, concentrated in several areas of research, especially in history, sociology, philosophy, in dialogue with linguistics, in the field of discourse, we turn to look at the memories about the performances of students in the context of professional training, in view of the care work, the time divided between multiple tasks and the more or less asymmetric relationships experienced in their fields of activity. Adopting a qualitative research approach, this work takes Oral History as methodological support for data generation, selecting 18 semi structured interviews with working student-mothers as a cut-off for discussion and analysis, in which memories about schooling in basic and higher education, were recorded, combined with motherhood and work. Discursive Semiotics, a theory of discourse that is interested in the way in which meaning is constructed, subsidizes the woven analyzes, being also considered the contributions of Tensive Semiotics in the discussion about memory, and of sociosemiotics in the problem of sensitive interaction. Upon entering the scope of professional training, whether at undergraduate or graduate level, students combine, in a more or less conflictual way, the demands of motherhood and work outside the university, being paid and/or unpaid. The larger and more consistent the support community for academics, at work, at university and at home, in the field of social reproduction, the less the educational background of the participants is configured as a barrier to be overcome by women. Qualification in the field of work, in addition to being stated as a desirable object-value, an academic want-to-be, with a view to socially valued training, is also shaped as a must-be that favors conditions of social insertion in better paid careers for the working class. In the relationship with educational institutions, the most appropriate interactions with the social actors who operate there favor the permanence of the student-mother in these spaces, as well as the continuity of studies, verified mainly in the stories of the participants who had children during basic education or undergraduation and continued at more advanced levels of academic life. In addition, heterogeneous forms of resistance are observed from the participants, considering the roles of genders with whom they negotiate, reproduce and, at the same time, reject, whether at home, at university or at work. In this sense, professional training is being addressed as a challenge and achievement, because it makes it possible for women to build a career in the paid labor market, a less socially vulnerable social reproduction space, as well as trajectories in academic life.
URI: http://hdl.handle.net/11612/2449
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