Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/11612/7301
Authors: Ferreira, Dilma Costa
metadata.dc.contributor.advisor: Vizolli, Idemar
Title: “O estudo é ensinamento dos brancos”: uma compreensão dos sentidos da escolarização na aldeia a partir de vozes Mẽbêngôkre
Keywords: Povo Mẽbêngôkre. Sentidos da escolarização. Educação escolar indígena. Luta coletiva. Fenomenologia.Mẽbêngôkre People. Meanings of schooling. Indigenous school education. Collective struggle. Phenomenology
Issue Date: 12-Aug-2024
Citation: FERREIRA, Dilma Costa. “O estudo é ensinamento dos brancos”: uma compreensão dos sentidos da escolarização na aldeia a partir de vozes Mẽbêngôkre. 2024. 211f. Tese (Doutorado em Educação na Amazônia) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-graduação em Educação na Amazônia, Palmas, 2024.
metadata.dc.description.resumo: A presente pesquisa tematiza os sentidos da escolarização atribuídos por indígenas Mẽbêngôkre em Kôkraxmôro, uma aldeia situada no município de São Félix do Xingu-PA, na Amazônia Legal Brasileira. Mediante a urgência em discutir-se a educação escolar indígena no Brasil, pensada com/pelos povos indígenas, consideradas as particularidades de cada povo e a universalidade que os circunda, bem como a necessidade de que suas vozes possam ser ecoadas em todo o processo escolar, a pergunta que nos move é: que sentidos os Mẽbêngôkre atribuem à escolarização em Kôkraxmôro? Assim, estabelecemos, como objetivo geral, compreender sentidos atribuídos à escolarização a partir de vozes Mẽbêngôkre na aldeia Kôkraxmôro. O caminhar desta pesquisa perpassa por duas etapas. A primeira consiste em estudo teórico de cunho bibliográfico, que possibilitou compreendermos os trajetos metodológicos e epistemológicos trilhados na investigação. Realizamos ainda um levantamento de estudos que tematizam a educação escolar indígena, com ênfase em pesquisas produzidas entre os Mẽbêngôkre. A segunda etapa é caraterizada pela incursão em campo, orientada por uma abordagem qualitativa, seguindo os princípios do estudo de caso enquanto modalidade de pesquisa, com delineamento descritivo e interpretativo. Como instrumentos de produção de dados, dispomos da observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas orientadas por roteiros previamente elaborados, contendo questões semiestruturadas. Quanto à organização dos dados, orientamo-nos pelos princípios da Análise Textual Discursiva (ATD) como técnica de interpretação, o que implica seguir alguns passos essenciais: a unitarização, a categorização e a produção de metatextos. Tais etapas foram necessárias para uma interpretação rigorosa e qualitativa dos fenômenos, assentada na Fenomenologia, especialmente nos estudos do filósofo Maurice Merleau-Ponty, o qual compreende que é por meio do corpo, um corpo cultural, que habitamos, percebemos, sentimos e manifestamo-nos no mundo. A atitude fenomenológica, nessa perspectiva, possibilita a transcendência na compreensão, no agir e sentir o outro, com abertura para diferentes possiblidades. Compreendemos que os sentidos da escolarização se apresentam após o contato com a sociedade envolvente e modificam-se a depender das necessidades do grupo, em tempo e espaços distintos. Todavia há um elo que os une: a luta coletiva pelo ser e bem viver Mẽbêngôkre, cujas ferramentas de batalha podem ser adquiridas na escola, considerada o lugar em que se aprende os conhecimentos do kubẽ, não para tornarem-se outros, mas possibilitar a luta e resistência contra a opressão e preconceitos advindos da ação desse outro. Assim, é urgente pensar a educação escolar indígena a partir desses sentidos. E, embora seja essa instituição um aparato de dominação do Estado, é preciso amansá-la para que sirva aos povos indígenas, aos anseios, às necessidades e às expectativas individuais e coletivas que depositam na escola. Compreendemos ser esse um sonho que se mantém resistente, e que pode ser concretizado mediante gestão efetiva dos processos escolares pelos indígenas, garantindo-lhes a autonomia e o protagonismo preconizado pela legislação brasileira.
Abstract: The present research focuses on the meanings of schooling attributed by indigenous Mẽbêngôkre in Kôkraxmôro, a village located in the municipality of São Félix do Xingu-PA, in the Brazilian Legal Amazon. Given the urgency of discussing indigenous school education in Brazil, conceived with/by indigenous peoples, considering the particularities of each people and the universality that surrounds them, as well as the need for their voices to be echoed throughout the school process, the question that moves us is: what meanings do the Mẽbêngôkre attribute to schooling in Kôkraxmôro? Thus, we establish, as a general objective, to understand meanings attributed to schooling from the voices of the Mẽbêngôkre in the village of Kôkraxmôro. The path of this research is divided into two stages. The first consists of a theoretical study of a bibliographic nature, which allowed us to understand the methodological and epistemological paths taken in the investigation. We also conducted a survey of studies that focus on indigenous school education, with an emphasis on research produced among the Mẽbêngôkre. The second stage is characterized by fieldwork, guided by a qualitative approach, following the principles of a case study as a research modality, with a descriptive and interpretative design. As data production instruments, we have participant observation, field diary notes, and interviews guided by previously prepared scripts containing semi-structured questions. Regarding the organization of the data, we are guided by the principles of Discursive Textual Analysis (DTA) as an interpretation technique, which involves following some essential steps: unitarization, categorization, and the production of metatexts. These steps were necessary for a rigorous and qualitative interpretation of the phenomena, based on Phenomenology, especially in the studies of the philosopher Maurice Merleau-Ponty, who understands that it is through the body, a cultural body, that we inhabit, perceive, feel, and manifest ourselves in the world. The phenomenological attitude, in this perspective, allows transcendence in understanding, acting, and feeling the other, with openness to different possibilities. We understand that the meanings of schooling emerge after contact with the surrounding society, and they change depending on the group's needs, in different times and spaces. However, there is a common thread that unites them: the collective struggle for being and living well Mẽbêngôkre, whose tools of battle can be acquired in school, considered the place where one learns the knowledge of kubẽ, not to become others, but to enable the fight and resistance against oppression and prejudices stemming from the action of the other. Therefore, it is urgent to think about indigenous school education based on these meanings. And, although this institution is an apparatus of state domination, it is necessary to tame it in order to serve indigenous peoples, their desires, needs, and individual and collective expectations that are placed in the school. We understand that this is a dream that remains resilient and can be realized through effective management of school processes by indigenous people, ensuring them the autonomy and protagonism advocated by Brazilian legislation.
URI: http://hdl.handle.net/11612/7301
Appears in Collections:Doutorado em Educação na Amazônia - PGEDA

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